O senador Roberto Rocha (PTB), eleito em 2014 com o apoio de Flávio Dino (PSB) e de quase todo o campo progressista maranhense, deu uma guinada completa à extrema direita e virou um dos melhores amigos do presidente Jair Bolsonaro (PL) no estado.
Essa foi a forma que Rocha encontrou para manter alguma relevância política em Brasília depois de romper com o grupo de Flávio Dino, especialmente após o fiasco da sua candidatura ao governo do Maranhão em 2018, quando amargou a quarta colocação, com apenas 2% dos votos (64.446), ficando atrás até da obscura prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge (PSDB) – que concorreu como “a candidata de Bolsonaro” e abocanhou 247.988 votos.
Com a eleição de Jair Bolsonaro, Roberto Rocha não perdeu tempo em ligar a sua imagem à do presidente. Não foram poucas as ocasiões em que os dois apareceram juntos e, desde então, o maranhense não tem poupado elogios ao chefe do executivo. Para agradar a Bolsonaro, Roberto Rocha virou até entusiasta do voto impresso.
Essa aproximação calculada rendeu alguns frutos políticos ao senador maranhense. Nos últimos meses, o parlamentar “apadrinhou” obras do governo federal no Maranhão, especialmente na região sul do estado, onde o presidente tem uma rejeição menor.
A Folha de S. Paulo revelou que ao menos duas dessas obras, a da Ceasa e a do Camelódromo de Imperatriz, que o senador anunciou que seriam feitas com “100% de emendas do Senador Roberto Rocha”, estão abandonadas. As obras foram orçadas em mais de R$ 6 milhões.
O objetivo de Roberto Rocha é tomar para si, replicando Maura Jorge em 2018, os votos bolsonaristas na disputa ao Senado em outubro. A estratégia pode até funcionar, mas está longe de garantir a sua sobrevivência política.
Em 2018, antes dos escândalos que desgastaram ainda mais a imagem do presidente, o candidato de Bolsonaro ao Senado no Maranhão (o evangélico Samuel de Itapecuru) ficou na quinta colocação, com apenas 4,47% dos votos (254.979). Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (Cidadania), ambos apoiados por Flávio Dino naquele pleito, ficaram com as duas vagas disponíveis, com votações expressivas: 1.1997.443 e 1.539.916 votos, respectivamente.
Se esse quadro se repetir, Roberto Rocha teria mais sucesso numa candidatura à Câmara Federal. Pela atual conjuntura, o senador, que deve perder o mandato para o ex-aliado Flávio Dino, caminha para o isolamento político – já que Bolsonaro, nome em quem Rocha aposta todas as suas fichas, também deve sair derrotado das eleições.